Sinopse: Por si só, a ideia da série de reportagens “Planeta Extremo”, que começou a ser exibida pelo “Fantástico” no último domingo já é muito boa. Ainda que fosse executada de maneira convencional, “quadradinha”, renderia um material interessante. No entanto, esta produção mostrou que é possível unir jornalismo e entretenimento do melhor jeito a partir de um elemento pouco visto: material humano. Não falo aqui do alvo da reportagem, mas, sim, do repórter.



Quem assistiu a Clayton Conservani correndo uma maratona de 42 quilômetros com temperatura média de vinte e seis graus abaixo de zero na Antártica deve ter percebido. Em dado momento, o jornalista, enquanto corre, se emociona. Diz que tentará completar o percurso em homenagem à filha, que faria o tempo que passa longe dela, trabalhando, compensar. Foi um depoimento tocante. E mostrou algo que ninguém esperava. Poucos minutos depois, encerrada a corrida, o espectador ainda viu o repórter mostrar os efeitos da aventura: um de seus dedos estava roxo, com risco de estar congelado. O bastidor virou notícia nessa hora. E isso não é ruim.



O “Fantástico” já vinha investindo no “jornalismo reality show” nas últimas semanas. O quadro “Medida Certa”, que acompanhava a dieta de Zeca Camargo e Renata Ceribelli, foi um tremendo sucesso. Mostrou um pouco do cotidiano de quem antes poderia ser visto como um mero leitor de teleprompter, a câmera que mostra o texto do roteiro para o apresentador. Com “Planeta Extremo”, o dominical da Globo chega ainda mais perto do espectador. Mostra que quem está na tela fazendo as reportagens é tão gente quanto qualquer outro. É humano, sofre, tem problemas, sente saudades da filha quando está longe. Em nada o conteúdo jornalístico foi abalado. A parte técnica então, dentro das duras condições ambientais, foi impecável. Quem venham mais aventuras de Clayton. E que o “Fantástico” mostre que é, sim, o show da vida – com mais reality shows do bem.